ACIDENTE AÉREO COMPLETA UM ANO

29/11/2017 - 10:36

Novembro chegou e, com ele, a data mais triste para a Chapecoense. Há um ano, no dia 29, o sono de muitos era desperto com a notícia de que o avião que levava o time para o momento de maior glória dos seus 44 anos de história havia caído. 

Quase 365 dias se passaram e a verdade é que se tornou difícil fechar os olhos e voltar a encontrar a paz. A inconformidade e a busca por respostas são constantes. Mas há, também, a esperança. as lembranças felizes e a certeza de que, afinal, elas são pra sempre. Durante todos esses longos dias, mesmo na busca incessante das melhores palavras - a fim de oferecer algum acalento à alma de todos que sofreram, à sua maneira, as irreparáveis perdas - o silêncio persistiu. E, enfim, entendemos que a voz devia ser dada, afinal, aos nossos principais provedores de força: os torcedores. Em uma vastidão de sentimentos transcritos nos depoimentos publicados abaixo, enfim, conseguimos traduzir as emoções que tem movido a Chapecoense. Em frente. Pra sempre.
 
Nesse ano eu já senti raiva, já chorei, já senti saudades, já sofri, já desanimei, já tive “N” sentimentos diferentes em relação a Chape e ao acidente. Porém, algo que nunca mudou e nunca irá mudar é meu entendimento em relação ao clube. Para mim e para a minha cidade, a Chape sempre foi e sempre será mais que um clube de futebol. Mesmo antes do saudoso time de 2016, a Chape me trazia momentos de alegria, momentos inesquecíveis. Passado um ano do acidente, já consegui reviver alguns deles na Arena Condá... Digo que ainda não caiu a ficha do que aconteceu, mas aos poucos o clube está se reconstruindo e faremos de tudo para que aquele clube, que todos conheceram, clube guerreiro, humilde e que com suas conquistas gigantes, volte a ser lembrado por isso. Jamais esqueceremos de quem se foi, mas aqueles que ficaram precisam manter a nossa identidade, e é isso que todos esperam, sempre com pés no chão e honrando a nossa terra.” (Mateus Prestes)
 
"Um ano já se passou desde o pior dia de nossas vidas. Pode soar dramático, mas é real. A Chape foi quem nos uniu, e junto com ela vimos o nosso amor crescer. Então, o  dia 29 de Novembro de 2016 é um pedaço da nossa história foi arrancado. Ainda dói muito e vai continuar doendo lembrar de tudo que passamos. Foram muitos sentimentos depois do acontecido, sendo que o primeiro deles foi o de negação. Parecia mentira. Não conseguíamos imaginar por onde começar, era uma batalha muito difícil. E começar do zero parecia impossível, pois o trauma emocional foi imenso. Com o passar dos dias a esperança foi crescendo. Vimos o mundo inteiro mobilizado para ajudar a Chapecoense, vimos pessoas dedicadas a não deixar nosso Verdão ficar sem rumo, e hoje o nosso sentimento é de gratidão por toda a ajuda recebida, pelo esforço de todos em não deixar a nossa Associação acabar. Também sentimos que fazemos parte dessa reconstrução. A Chape é nossa maior alegria, é nosso lar, algo que jamais abandonaremos." (Gabriela Conrado e Daniel Pilz.)
 
"A noite do dia 29 com certeza foi umas das mais tristes que já passei, com meus amigos me ligando pra contar que o avião tinha caído. Pensei que era blefe ou até imaginei que fosse um sonho. Corri para ligar a TV e, realmente, as notícias eram péssimas. Perdemos todos e as notícias pioravam a cada momento. Foi um dia horrível. Fui em todas as homenagens, orações, velório... foram dias de muita tristeza, até que começou a reconstrução. Cada jogador anunciado era um sinal de esperança que surgia, até que montamos equipe e comissão técnica. O que mais me marcou foi o dia em que o Neto, de muletas, apareceu no vestiário e a foto deste momento começou a circular. Só de ver, me arrepiei e fui às lágrimas. Aquela foto me deu a certeza de que voltaríamos com tudo. Fomos para partida contra o Palmeiras - que era o momento que todos esperavam - e eu não aguentava mais a ansiedade. Poder voltar para atrás do gol - onde vi tantas vitórias, onde sempre comemorei cada detalhe do jogo - foi uma emoção e tanto. Cada jogo e cada notícia me faziam acreditar que, apesar de nada voltar a ser como era antes, a Chape voltaria ser a Chape que tanto nos deu alegria. Hoje jogamos, lutamos e comemoramos pelos que se foram. É uma paixão que só cresce!" (Matheus Rech) 
 
"Muitas das coisas que deveriam ser ditas neste texto já são sentidas pelos torcedores da Chapecoense. Foram e são vivenciadas diariamente em cada local especial dessa cidade, para além da Arena Condá, e no mais íntimo de nossos corações. Por isso, deixo aqui a mensagem que aprendi com aqueles que se foram: quando amamos algo por escolha, como um time de futebol, esperamos que ele nos ame de volta com alegrias em vitórias. Mas assim seria muito fácil, não é? O torcedor sabe que torcer e amar um time envolve muito mais que vitórias e sorrisos. Envolve muitos sentimentos, sim, muita alegria, mas também tristezas, decepções, sofrimentos e, quando frequentamos um estádio, envolve também fazer daqueles outros torcedores uma grande família, compreendendo no olhar do outro o seu próprio sentimento. E, ao olhar no olho da torcedora e do torcedor Chapecoense de qualquer idade, sabemos que aqueles que se foram nunca serão esquecidos e que cada jogo é a lembrança do amor e da dedicação que esse povo tem com esse time. Porque não há como separá-los, somos todos Chapecoenses, de corpo e alma." (Fernanda Arno)
 
"Sabe quando você acorda de um pesadelo? Assustado, coração apertado, aquele nó na garganta? Acontece que naquele dia, o dia 29 de Novembro de 2016, aquele pesadelo se tornou real. Depois de ser acordado às 4h por uma ligação, vivi uma das maiores apreensões da minha vida. Para mim, a ficha ainda não caiu. Parece que a qualquer momento eles vão estar ali novamente. Parece um sonho e demoro a cair na real que não estarão mais aqui. O coração ainda aperta e a cada lembrança que aparecem nas redes sociais, surge um turbilhão de pensamentos... E se? Mas e se o Danilo não tivesse praticado aquele milagre aos 40 e poucos do segundo tempo? Acompanho esse time há mais de 11 anos e a verdade é que meu coração apaixonado pela Chape ainda sofre aquela tragédia, mas ao mesmo tempo busca força pra apoiar esse novo recomeço. Porque acreditar é a nossa Cara. Voa Alto Chape, afinal, nossos guerreiros se foram lutando por isso. Vamos vamos Chape." (Saimon Pastorio)
 
"Chovia muito... Naquela noite de novembro, não gostaria de ter sido acordado na madrugada com uma notícia como aquela. Ninguém espera receber. Uma dor e desespero que espero que um dia minha mente consiga apagar. Os sobreviventes... Chovia muito... é difícil aceitar que muitos se foram em um piscar de olhos. A distância, a demora, o sofrimento intensos durante uma semana. O cortejo sob um temporal: Os anjos choraram sim! As recordações que ficaram foram as de alegrias pelas conquistas que esses guerreiros nos proporcionaram. Chovia muito... e nesse novembro de 2017 parece que a chuva insistente vem nos mostrar que nossos ídolos continuam por perto. Só o tempo para esconder a dor, mas ela está aí ainda latente. Chovia muito... a movimentação para reerguer o time começou ainda em 2016 e o apoio às famílias das vítimas também. Chove muito... que novembro triste está hoje e essa chuva que não cessa. Mas lembre-se:'Não espere um avião cair para dizer eu te amo, para pedir perdão, para dar um abraço, para dar um beijo. Você tem a oportunidade todos os dias para fazer diferente e mostrar que o amor vence' (NETO). Chove muito ... e continuamos lutando, como a Chape sempre fez... afinal, a vida é uma luta constante!" (Fernando Ribeiro dos Santos).
 
ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE FUTEBOL.

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