CASO DE TRAVESTI ESPANCADA EM SETEMBRO INCENTIVA CAMPANHA EM BAURU

13/01/2017 - 10:51

Após quase 4 meses internada, morreu a travesti que foi brutalmente espancada no Parque Santa Edwirges, em setembro do ano passado. Mirela da Silva, de 42 anos, foi encontrada desacordada e com graves ferimentos no crânio. Entretanto, ainda seguem desconhecidos autoria e motivação do crime.

Ela estava sob cuidados médicos no Hospital de Base, mas, entre quadros de melhora e piora neste período, acabou morrendo no último dia 6 deste mês. O episódio acende novo alerta sobre a criminalização da homofobia e motiva a ação que visa, de forma peculiar, incentivar ainda mais a denúncia.
 
A campanha, desencadeada pelo Conselho de Atenção à Diversidade Sexual e Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil em Bauru, pretende estabelecer novas metas voltadas à segurança das pessoas LGBTs.
 
“Iremos discutir um jeito de alertar as transexuais e travestis, nem que seja de forma individual, uma a uma, para que todo e qualquer ato de homofobia seja denunciado”, frisa o presidente do Cads e vice-presidente da Comissão na OAB, Leandro Douglas Lopes.
 
Ele revela que a maioria deixa de prestar queixa, ou por medo ou em razão da impunidade. “Homofobia, por si só, não é considerado crime. Alguns pensam: ‘não vou perder tempo em registrar um caso que não vai dar em nada’”, frisa.
 
“Entretanto, a nossa luta é para que haja a criminalização do ato homofóbico, visto que trata-se de um crime de ódio, direcionado a um grupo específico de pessoas, tal como o racismo. Para que alcancemos algum avanço nisso, é importante que todas as vítimas denunciem”, acrescenta Lopes.
 
Ele destaca que, em Bauru, ocorre ao menos um caso de homofobia por semana, não necessariamente resultando em agressão física. Lopes lembra, ainda, que relatório divulgado pela ONU revelou que, no Brasil, a cada 26 horas uma pessoa é morta por crime homofóbico.
 
CADASTRO
 
O vereador Markinho de Souza, que acompanhou o episódio desde o início, se reunirá com membros da Secretaria do Bem-Estar Social para propor a realização de um cadastro das transexuais e travestis que vivem em Bauru ou estejam de passagem pela cidade, com objetivo de facilitar a identificação da família em casos de agressão.
 
“Foi muito difícil localizar algum parente da Mirela. Só depois descobrimos que a família dela é do estado do Piauí. Com o cadastro, poderemos contatar os familiares quando houver casos de agressão”, justifica o parlamentar.
 
NINGUÉM PRESO
 
O caso da agressão contra a travesti Mirela da Silva foi registrado na madrugada do dia 15 de setembro de 2016, na quadra 8 da Alameda Copérnico, no Parque Santa Edwirges. Um morador das imediações localizou a vítima desacordada e com graves ferimentos no crânio, perda de dentes e fratura no maxilar. Os médicos constataram que ela sofreu um edema cerebral. 
 
Quase 4 meses depois, a autoria e motivação do crime seguem desconhecidas, uma vez que Mirela, enquanto permaneceu internada, não apresentou condições de prestar depoimento à Polícia Civil, diz o delegado da Delegacia de Investigações Gerais, Marcelo Firmino. 
 
“O inquérito está em andamento, com investigações em campo. Iremos ouvir as possíveis testemunhas e amigos da vítima”, detalha Firmino, ressaltando que a natureza da ocorrência já foi atualizada para homicídio consumado.
 
SERVIÇO
 
A denúncia por homofobia pode ser feita através do “Disque 100”, da Secretaria de Direitos Humanos, pelo 190 da PM ou 197 ou (14) 3235-6500 da Polícia Civil.
 
 
JCNET.

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