MARIDO PLANEJOU O ASSASSINATO DA ESPOSA EM BAURU

14/07/2017 - 10:37

A Polícia Civil de Bauru, por meio da Delegacia de Investigações Gerais, esclareceu, na manhã de ontem (13), a morte de Cleide Godoy, de 55 anos, assassinada com três tiros no dia 9 de junho após realizar um saque na região da Vila São Paulo em Bauru. O homicídio foi encomendado pelo próprio marido da vítima, o empresário Otacílio Godoy, de 55 anos, que simulou um latrocínio (roubo seguido de morte). Ele, que confessou o crime, e os executores da ação estão presos.

Na ocasião, os tiros foram disparados por dois homens que trafegavam em uma motocicleta na estrada de terra que liga os bairros Pousada da Esperança e Vila São Paulo ao Gasparini. O próprio marido acionou a polícia.
 
Na ocasião, Cleide havia feito um saque de R$ 1 mil e juntou com outros R$ 5 mil que carregava em uma bolsa. Como o dinheiro foi levado, logo a hipótese de latrocínio ganhou força.
 
Contudo, segundo o titular da DIG, Cledson Luiz do Nascimento, no rumo do inquérito, a polícia começou a desconfiar de Otacílio, que a princípio era considerado vítima tanto quanto a esposa. Mas, por seu comportamento estranho, passou a ser um dos suspeitos.
 
"No local do crime, o que chamou a atenção foi a ausência de frenagem do veículo que estava sendo conduzido por Otacílio. Dava para perceber que o carro parou, não que ele freou bruscamente como se tivesse sido abordado pelos motociclistas", relata o delegado.
 
"Nós começamos a perceber uma falta de interesse do marido em relação ao crime. Além disso, ele dizia que o telefone celular dele havia sido levado para a perícia por policiais à paisana. Mas percebemos que essa informação não era verídica, já que esse não é o procedimento", narra Cledson do Nascimento.
 
EXECUTORES
 
Prosseguindo com as investigações, os policiais chegaram até os executores: Zenaldo Leite da Silva, de 36 anos, e José Carlos Vieira da Silva - também conhecido como Galego - , de 25 anos. Ambos são agricultores e moravam em Ibaté.
 
Com toda as evidências em mãos, após operação policial na manhã de ontem, os homens foram presos. Otacílio em Bauru e Zenaldo e José Carlos na cidade em que residiam.
 
Segundo o delegado, eles confessaram que foram pagos por Otacílio para conduzir uma motocicleta e praticar o homicídio de Cleide.
 
De acordo com o depoimento dos acusados, Otacílio disse que a "morte encomendada" era de um advogado, o qual ele tinha um desafeto. Mas, ao chegarem em Bauru, o homem revelou que o assassinato a ser praticado era o de sua esposa.
 
Zenaldo e José Carlos alegam que, como já estavam com metade do pagamento adiantado, resolveram prosseguir com o crime. O restante do valor, segundo os criminosos, seria acertado após o resgate, pelo marido, de um seguro de vida feito no nome de Cleide. No depoimento, os criminosos também revelaram que a arma do crime foi cedida pelo próprio Otacílio.
 
OUTRA VERSÃO
 
Apesar de confessar que arquitetou o crime da própria esposa, Otacílio nega ter conhecimento do seguro de vida em nome da esposa. O homem afirma que, na realidade, resolveu tramar este crime por não aceitar uma suposta traição que aconteceu há 25 anos por parte de Cleide. A filha do casal, contudo, refuta tal versão.
 
Além do seguro de vida e de uma suposta traição da vítima, outra hipótese também surgiu no curso das investigações. Nela, o motivo de Otacílio ter matado a esposa seria o fato de ele estar apaixonado por ontem (13).
 
O delegado Cledson do Nascimento conta que tal moça também foi conduzida até a delegacia, mas negou qualquer envolvimento com a morte de Cleide. Otacílio também afirma que tudo foi planejado apenas por ele e que ela não tinha conhecimento de nada.
 
Segundo o delegado, as investigações que podem ou não incriminar a mulher ainda serão concluídas. Já os três acusados confessos se encontram em prisão temporária decretada por 30 dias na Cadeia Pública de Avaí. Depois, eles serão conduzidos ao Centro de Detenção Provisório.
 
Zenaldo, José Carlos e Otacílio responderão por homicídio duplamente qualificado - promessa de recompensa e emboscada. Além disso, Otacílio também responderá por falsa comunicação de crime por ter mentido sobre seu celular. A pena prevista para estes tipos de crimes são de 12 a 30 anos de reclusão.
 
'Meu pai morreu no mesmo dia que minha mãe'
 
"Da minha parte, por enquanto, não tem perdão. Simplesmente, quando minha mãe morreu, meu pai morreu junto", desabafou a filha mais velha do casal, Adriana Godoy, de 34 anos.
 
Ela, inclusive, ajudou a criar a "armadilha" para a captura do pai. Ligou com ele e marcou um encontro. Quando ele estava à caminho, foi abordado pelos policiais civis da DIG.
 
Desde o ocorrido, ela e os dois irmãos, inclusive, ajudaram os policiais a decifrar algumas peças que faltavam na investigação do crime. Todos, segundo ela, se revoltaram com o pai ao descobrir que ele foi o responsável por planejar a morte da mãe.
 
DESCONFIADA
 
Adriana disse que estavam desconfiada da versão do pai desde o começo. "Ele dizia que minha mãe reagiu ao assalto e segurou a bolsa, por isso levou os tiros. Mas quem conhecia ela saberia que jamais teria coragem de fazer uma coisa dessa", conta a filha, que também não acredita que a vítima pudesse ter traído seu pai. "É mentira. Quem sempre a traiu foi ele. Ela, pelo contrário, sempre o perdoava".
 
JCNET.

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