PAULINHO DA VIOLA FAZ 75 ANOS

13/11/2017 - 10:12

Pelo relógio que rege os movimentos do mundo, Paulo Cesar Batista de Faria, o Paulinho da Viola, festejou ontem 75 anos de vida. Só que o conceito de tempo é relativo quando se trata deste cantor, compositor e músico carioca, mestre do samba e do choro. Nascido em 12 de novembro, Paulinho é da nobre linhagem musical parida em 1942, ano em que vieram ao mundo outros gênios dos sons brasileiros, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Tim Maia (1942 – 1998). Só que, ao contrário destes colegas, Paulinho caminha no tempo próprio, ajustado ao movimento de relógio particular que se move no ritmo íntimo e pessoal que conduz a construção de obra lapidar, já cristalizada, pavimentada desde 1964 sob prisma luminoso, se alimentado da tradição, mas sem se limitar a reproduzir cânones.

 
Timoneiro que vem conduzindo o leme do próprio barco existencial com firmeza disfarçada pela habitual e já famosa elegância, Paulinho da Viola não grava um disco com músicas inéditas desde 1996. Para o público, 21 anos sem esse álbum parece uma eternidade. Para o artista, esse tempo de maturação da maturidade artística parece ser natural, porque fazer música é ofício que o compositor desempenha como um ourives, no ritmo próprio, com a calma, a paciência e o requinte dos grandes marceneiros, ofício também exercido pelo artista. Porque, acima de tudo, o tempo de Paulinho da Viola é sempre hoje.
 
Talvez por isso mesmo qualquer samba ou choro do compositor exale modernidade contemporânea, como se tivesse sido composto ontem. Ou há 40 anos. Presente e passado são conceitos fluidos no tempo e na obra do artesão. O passado tonifica o presente, com leves traços de nostalgia, mas sem ranços folclóricos. Ouça um samba como Coração leviano (1977), um tema vanguardista como Sinal fechado (1969) ou o Choro negro (1973). Todos soam sempre novos, como a bossa de um certo João.
 
Nessa espiral do tempo, Paulinho da Viola se assemelha a um certo Dorival Caymmi (1914 – 2008) na condução da vida e da música. Não há pressa. E tudo soou sempre no tempo certo. Mesmo quando a obra foi composta no ritmo ditado pelo mercado fonográfico. Assim como os cronologicamente dispersos Eu canto samba (1989) e Bebadosamba (1996), os 14 álbuns lançados pelo cantor entre 1968 e 1983 estão aí para provar que Paulinho da Viola completa 75 anos já senhor do tempo que move a vida e a obra do artista.
 
Fonte: G1 

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