LOJA QUE VENDIA MACONHA EM BAURU É FECHADA PELA POLÍCIA

31/07/2017 - 10:04

Enquanto a descriminalização da maconha é discutida pela sociedade, um estabelecimento que vendia e fazia claras referências à comercialização da erva até na sua fachada foi fechado na última sexta-feira (28) pela Polícia Civil. A tabacaria funcionava na quadra 23 da Getúlio Vargas, uma das regiões mais movimentadas da cidade. Quatro homens, entre eles dois irmãos, suspeitos de fabricar e vender drogas para jovens de classe média alta, foram presos.

Segundo o titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes, Luiz Augusto Puccinelli, tudo indica que a atividade praticada no estabelecimento teria sido inspirada na cultura do uso liberado da maconha em alguns países e na discussão em torno do tema, que vem ganhando destaque político e social.
 
O próprio nome da tabacaria, Green Brothers - Amsterdam Cult (na tradução: Irmãos Verdes - cultura de Amsterdã) e os produtos vendidos são interpretados pelo delegado como "uma provocação". "O contexto deixa explícito o segmento de negócio", opina ele, lembrando que Amsterdam é a Capital da Holanda, País onde o uso da maconha é tolerado.
 
Os policiais da Dise cumpriram cinco mandados de busca e apreensões: na loja da Getúlio, em dois apartamentos da zona sul de Bauru, em uma residência no Altos da Cidade e em uma chácara, onde foram aprendidas maconha, drogas sintéticas (LSD e ecstasy), balanças de precisão e dinheiro.
 
Em um dos imóveis, também foram encontrados dois pés de maconha e recursos e equipamentos utilizados para o cultivo da planta. De acordo com o delegado, a utilização de uma estufa assegurava uma droga diferenciada.
 
DROGA MAIS FORTE
 
"O modo de cultivo, como uso de refletor, termômetro para controlar a temperatura e condições especiais de irrigação, garantia uma maconha mais forte em relação ao THC [princípio ativo da maconha], com efeito mais intenso e duradouro. Por isso, tinha maior valor de mercado. Era vendida para jovens de maior poder aquisitivo", detalha Puccinelli.
 
A tabacaria funcionava há mais de um ano na Getúlio. Entretanto, as investigações da Dise começaram há cerca de dois meses, a partir de denúncias anônimas. "As pessoas apontaram movimentação suspeita e diziam que sentiam cheiro de maconha".
 
SOMENTE EM JUÍZO
 
Foram presos os proprietários do local, os irmãos André Gomez dos Reis, 29 anos; e Diego Gomez dos Reis, 31; além dos auxiliares deles Rafael Matheus, 28; e Alberto Mello Simões, 41. Os três primeiros já possuem passagens por tráfico de drogas, revela o delegado. Os acusados foram recolhidos à Cadeia de Avaí. Eles responderão por tráfico de drogas e associação ao tráfico.
 
Advogado de Rafael, Thiago Quintana Reis preferiu não comentar o caso sem ter acesso ao teor da denúncia. Ele disse que seu cliente estava bastante abalado com a acusação "Porém, ele só se manifestará em juízo".
 
Representando a defesa de André, Diego, e Alberto, a advogada Juliana Sabage adotou o mesmo posicionamento, ao ser questionada sobre a prisão dos três.
 
‘Toca do Duende’
 
A tabacaria fechada na última sexta-feira (28) comercializava, legalmente, produtos diversos, como cigarros de sabor, cachimbos, camisetas e bonés com apologia às drogas, entre outros. “Já o entorpecente era comercializado por encomenda”, frisa Puccinelli. O estabelecimento mantinha até uma sala destinada para o uso de drogas. “Ficava no andar de cima e ganhou o nome de ‘Toca do Duende’”.
 
Grupo ensinava como cultivar a erva
 
Após a legalização e a regulamentação da produção, do comércio e do consumo da maconha no Uruguai e em importantes estados norte-americanos, como o Colorado, o Brasil também entrou no debate sobre o posicionamento político do País em relação a esse novo mercado que se expande e se mostra cada vez mais lucrativo.
 
Segundo o delegado Luiz Puccinelli, o lucro dos proprietários da tabacaria ia além do simples fato de comercializar a droga: eles também ensinavam alguns clientes a cultivar corretamente a planta. "Vendiam o adubo, os fertilizantes, uma terra própria para plantar a droga, as sementes para quem era do ciclo deles, e davam as instruções de plantio", revela.
 
Ainda de acordo com o titular da Dise, o número de apreensões de plantações de maconha dobrou neste ano em relação a 2016. Para ele, o quadro pode indicar uma tendência de produção caseira da droga. "Em razão da facilidade de ter acesso à semente. É mais fácil para o traficante produzir do que buscar no Paraguai ou Bolívia, por exemplo", cita.
 
JCNET.

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