VENDENDO CHURROS A R$ 1 POR 7 ANOS, MULHER CONCLUI FACULDADE DE DIREITO

14/09/2016 - 08:56

Depois de sete anos vendendo churros a R$ 1, uma moradora de Brasília realizou nesta terça-feira (13) o sonho de se tornar bacharel em direito. Maria Odete Silva, de 46 anos, trabalha 12 horas por dia na Rodoviária do Plano Piloto para garantir o dinheiro, que também banca a escola dos dois filhos adolescentes e mantém a casa da família. Em meio a outros 80 formandos, ela foi homenageada por um professor e ganhou um anel de formatura de uma amiga. A mulher, que chegou a passar por imprevistos ao longo do curso por dificuldades financeiras, já traçou novas metas. “Ainda tenho o sonho de conquistar a OAB e ir para promotoria. Assim que Deus me permitir, [vou] estudar mais três anos e chegar à tão sonhada promotoria”, diz.

Para ela, o sucesso só foi possível por ter acrescentado amor e carinho à receita tradicional do doce – que leva farinha de trigo, sal, margarina, açúcar e baunilha. O produto é vendido nos sabores goiaba, chocolate, doce de leite e misto.
O início não foi fácil. Maria Odete chegava a ir para a faculdade só para assinar chamada e então ir para a rodoviária para começar a vender os churros, para não deixar de ganhar dinheiro. Por vezes, funcionários da loja de calçados do irmão precisaram socorrê-la enquanto ela corria para fazer provas. Os estudos e exercícios eram feitos em um banco atrás do carrinho. Os livros eram todos da biblioteca. A mulher passou a contar com a ajuda do marido na venda dos 10 kg de churros fabricados por dia.
“Tive medo de não conseguir. Entre o sétimo e o oitavo semestre, eu quase desisti. Eu achava que não dava conta, porque as matérias estavam cada vez mais difíceis e eu pensava 'eu não vou dar conta, não vou dar conta'. Teve um semestre que fiquei todinho sem pagar, que tive dificuldade financeira”, lembra. “Minha professora me viu falando isso, entrou e disse: ‘se você chegou até aqui, você consegue muito mais’. Ela dizia que seria uma honra entregar minha carteirinha da OAB e que ainda iríamos advogar juntas. Isso me incentivou ainda mais.”
 
 
G1
 

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