COMO ANAVITÓRIA E TIAGO IORC FIZERAM A MPB VOLTAR ÀS PARADAS E FURAR BLOQUEIO DO SERTANEJO

20/04/2017 - 15:18

Em 2017, só um brasileiro botou uma música no top 50 das rádios brasileiras sem cantar funk, pop ou sertanejo. Tiago Iorc levou sua "Amei te ver" a um lugar antes inimaginável para sua MPB "alternativa". No mesmo 2017, "Trevo (Tu)", com Iorc e a dupla Anavitória, foi a única música brasileira fora do esquema funknejo a entrar no:

 
Se você não sabe, o brasiliense Tiago Iorczeski tem 31 anos e dedilha seu violão em uma carreira de altos e baixos desde 2003. Anavitória é Ana Clara Caetano e Vitória Falcão, duo de Araguaína (TO) com disco de estreia produzido por... Tiago Iorc. Em entrevistas ao G1, os três dizem que o público nos shows é dominado por gente entre 18 e 24 anos.
 
Será que a MPB precisava de artistas mais jovens, com imagem e discurso menos adultos?
"Com toda certeza, e ainda precisa! O jovem move a parada, porque é quem tem sede de descobrir tudo, é natural da bagagem da vida. E encontrar músicas com as quais você se identifique é um tipo de paz, quando a figura da pessoa cativa se torna mais interessante ainda", responde Vitória.
 
"Talvez seja a necessidade da MPB se refazer popular, sem rodeios e ser direta. Tamo aqui pra viver o amor, meu povo, e a gente já aproveita e canta ele", completa Ana.
 
Iorc não se bota tão fácil na MPB, que seria "uma nomenclatura para um momento que existiu". Como se define, então, rapaz?
"Se tivesse que caracterizar de uma forma mais holística seria música pop, música popular", responde Iorc. "O que diferencia o nosso trabalho é o retorno da canção, do que uma caracterização com gênero. É fazer música, com melodia, letra".
 
Felipe Simas, empresário de Iorc e Anavitória, é mais direto na análise. "A MPB estava mesmo ficando muito chata e pretensiosa e acabou se afastando, naturalmente, do grande público que foi buscar satisfação em outros segmentos", teoriza Simas.
 
Ele faz questão de acrescentar que os dois artistas não usam "recursos trapaceiros (jabá)" para chegar às paradas e lotar casas de espetáculo "de médio e grande porte".
 
"O povo sabe o que quer / Mas o povo também quer o que não sabe"
O crítico musical Tárik de Souza cita a letra de "Rep", de Gilberto Gil, para falar das "propostas novas" da MPB, estilo do qual ele fala há quase 50 anos. Ele menciona principalmente cantoras (Tulipa Ruiz, Céu, Clarice Falcão, Mallu, Roberta Campos) e rappers (Emicida, Rael, Criolo).
 
"Já que o país passa por uma purgação de pecados a céu aberto, seria o momento de democratizar o acesso do grande público a todo tipo de linguagem musical", opina. Para ele, o ideal seria se os fãs pudessem sair do esquema "toca porque vende e vende porque toca". De certa forma, Iorc e Anavitória conseguiram isso.
 
MPB está trendando
Muito além de Iorc e Anavitória, há outros exemplos de gente que botou algo parecido com MPB na playlist de adolescentes e jovens adultos. A parada "50 virais do Brasil", do Spotify, mostra que uma MPB diferente pode juntar banquinho, violão e cliques.
 
Nas últimas semanas, quatro artistas entraram ao ranking que leva em conta o crescimento repentino de compartilhamentos e audições no serviço de streaming. Entre eles, está a youtuber gaúcha Chell Alberti, que lançou seu primeiro EP neste mês. E foi vista e ouvida em seu canal no Youtube fazendo uma versão de... "Trevo (Tu)".
 
Fonte: G1 

 

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